Nesse texto você vai descobrir:
Quais são as características do just in time?
O Just in time (JIT) é um método de produção, primeiro introduzido pela Toyota, cuja característica principal é minimizar a necessidade de estoque, através de uma conexão direta entre produção e demanda. Ou seja, ter uma logística just in time significa que um produto é apenas fabricado após um cliente realizar o seu pedido.
Dessa forma, o seu negócio pode operar com o mínimo necessário de insumos, mão-de-obra e espaço de armazenamento, reduzindo de forma expressiva os custos associados com a fabricação e com o gerenciamento do estoque de segurança, além de evitar perdas relacionadas à validade, obsolescência ou remanejamento em depósitos.
É certo, porém, que em alguns negócios, situações ou circunstâncias do dia a dia será necessário estocar ou fabricar mais do que o estritamente solicitado pelos clientes. Ainda assim, o JIT possibilita minimizar esse excesso ao mínimo possível, resultando em menores desperdícios e custos logísticos e aumentando a produtividade das suas operações.
Algumas outras características do just in time são:
- a distribuição da área de produção em centros de trabalho flexíveis;
- uso do kanban para direcionar a demanda em cada setor de trabalho;
- recebimento de insumos dos fornecedores com alta frequência e menor volume por entrega, calibrando de acordo com a demanda efetiva;
- certificação da qualidade dos fornecedores, para que não sejam necessárias inspeções adicionais após o recebimento dos insumos;
- treinamento cruzado dos colaboradores, para que eles sejam certificados a trabalhar em job rotation
- interrupção da produção no momento em que a demanda imediata é atendida;
- envio imediato dos produtos aos consumidores assim que o pedido é finalizado.
Como surgiu o conceito Just in Time?
Como dissemos na seção anterior, foi a Toyota, a fabricante japonesa de automóveis, que criou o sistema just in time para dar maior produtividade à sua produção. Contudo, até chegar nessa inovação foram necessários uma série de passos anteriores que, juntos ao JIT, levaram à criação do Toyota Production System (TPS). E foi ele que impulsionou a montadora ao topo da indústria automobilística.
A mente por trás do just in time foi o fundador da empresa, Kiichiro Toyoda, que inventou essa técnica de produção em 1937. Para tanto, ele se inspirou em uma tecnologia criada por seu próprio pai, Sakichi Toyoda, chamada jidoka.
O jidoka possibilitava detectar uma anormalidade na produção rapidamente. Assim, era possível interromper o trabalho o quanto antes, evitando desperdícios e garantindo a qualidade final do produto.
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, que foi devastadora para o Japão, o país e seus empresários precisavam inovar para competir com seus pares nos Estados Unidos e na Europa. Foi isso que motivou a Toyota a enviar um de seus mais novos engenheiros, Taiichi Ohno, aos EUA.
A missão de Ohno era encontrar maneiras de elevar a produtividade da Toyota. Foi então que em um supermercado americano ele teve um grande insight — o engenheiro notou que os clientes pegavam das prateleiras somente o que precisavam, no momento necessário e na quantidade necessária.
Ao retornar ao Japão, Ohno desenvolveu o kanban, uma metodologia ágil bastante popular que utiliza informações visuais para controlar a produção de acordo com a necessidade.
Com esse conjunto de inovações em mãos, a Toyota iniciou sua ascensão global. Esse esforço culminou em 2007 com a Toyota superando a General Motors para assumir o topo do ranking de produção de automóveis no mundo, posição que mantém até hoje.
Por que a filosofia just in time revolucionou a logística?
Uma maneira simples de entender como o just in time revolucionou o modo de funcionamento das cadeias logísticas é comparando o toyotismo com o fordismo, o modelo de produção que o antecedeu.
Criado por Henry Ford em 1908, o fordismo se inspirou no taylorismo e tinha como pilares:
- a produção em larga escala;
- produtos homogêneos e padronizados;
- trabalhadores com uma única função;
- manutenção de grandes estoques;
- ritmo único de produção, baseado na velocidade das máquinas e esteiras.
Apesar do fordismo ganhar vantagem nas economias de escala, por outro lado, ele possuía muitas desvantagens, como custos excessivos com armazenamento, descompasso entre oferta e demanda e poucas opções de personalização para o cliente final. Aliás, Henry Ford tinha uma frase célebre a respeito desse último ponto: “o cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”.
Já o Toyotismo, cujo pilar central é o just in time, funciona em bases muito diferentes:
- produção em pequenos lotes;
- produtos diversificados;
- trabalhadores multifuncionais;
- estoques mínimos;
- ritmo variado de produção, baseado na demanda dos clientes.
Ou seja, além de minimizar seus custos associados ao estoque de insumos e produtos, esse modelo de produção fez com que a Toyota pudesse oferecer produtos mais personalizados ao gosto de cada cliente, um diferencial que se tornou crescentemente importante à medida em que novos modelos de carro se tornaram disponíveis.
A partir dos anos 80, o modelo baseado no just in time se tornou amplamente divulgado nos Estados Unidos e na Europa. Nessa década, empresas como Hewlett-Packard, Motorola, General Electric, Black & Decker, Deere & Company e IBM relataram utilizar o JIT para otimizar suas operações.
Quais são exemplos de empresas que utilizam o just in time?
Existem diversos cases que demonstram os benefícios da implementação do just in time. Por isso, nós separamos alguns dos exemplos mais relevantes. Confira!
Apple Inc.
Após 16 anos de experiência otimizando cadeias logísticas na IBM e na Compaq Computers, o atual CEO da Apple, Tim Cook, buscou remodelar por completo o processo de fabricação na Apple.
Em 1998, quando ainda atuava como COO, Cook incentivou a empresa a deixar de lado a manufatura, fechando armazéns e fábricas da Apple no mundo inteiro. Ao invés disso, ele optou por estabelecer relações just in time com fabricantes independentes, boa parte delas situada na China, onde os custos de produção eram muito menores.
Essas otimizações na supply chain reduziram de meses para apenas dias o tempo em que o inventário da empresa ficava parado nos depósitos. Segundo Tim Cook, essa mudança de paradigma foi fundamental para reduzir custos, resultando num aumento de lucratividade e crescimento para a Apple.
Dell
A fabricante de computadores, Dell, ganhou proeminência na indústria pelo seu uso inovador do just in time.
Ao invés de armazenar vastas quantidades de insumos e ter que arcar com os custos logísticos disso, a Dell passou a negociar com seus fornecedores uma estratégia diferente. No novo método eles deveriam manter um nível suficiente de estoque para que os pedidos da Dell fossem entregues em espaços curtos de tempo.
Assim, a Dell manteve seu tempo de fabricação e entrega para os clientes, economizou com seus custos logísticos e ainda fortaleceu sua relação com os fornecedores. Afinal, esses contratos garantem uma demanda estável de insumos, resultado numa relação ganha-ganha para ambos.
Target e Walmart
Grandes varejistas, como a Target Corporation e a Walmart Inc., também utilizam o just in time para otimizar suas operações internas. Com elas minimizam custos de armazenamento e provendo os consumidores com um grande volume de mercadorias no tempo e na quantidade necessários.
Um exemplo simples disso é que eles programam os bens sazonais (pense em ovos de páscoa ou presentes de natal, por exemplo) para serem entregues bem no momento que a demanda está começando a crescer para esses itens.
Dessa forma, no início da temporada de compras os varejistas preenchem mais prateleiras com os produtos em demanda. Ou seja, à medida que a temporada se encerra e a demanda se esvai, os espaços nas prateleiras são abertos para os produtos da próxima temporada de compras.
Burger King
Por fim, o Burger King também utiliza o JIT, embora com um propósito um pouco diferente dos outros casos.
Apesar de sempre manter uma quantidade relevante de ingredientes para a produção de hambúrgueres (até porque a demanda se mantém alta ao longo do tempo), a carne só é cozida após o pedido ser feito pelo cliente.
Com isso, o hambúrguer é mantido bem conservado até ser preparada o pedido. Na prática, isso evita desperdícios de alimento e ainda traz aquele sabor especial de comida feita na hora que a empresa tanto utiliza em suas publicidades.
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